quinta-feira, dezembro 24, 2009

Correr na véspera de Natal

É dia 24 de Dezembro, é véspera de Natal.
Se querem saber nem me dei conta de como cheguei a este dia. Parece que acordei e, de repente, vi que o tempo tinha corrido até esta data, até à véspera de Natal.
Parece que, de um momento para o outro, os shoppings se encheram de gente, as luzes ligaram-se todas de uma vez só, as prendas apareceram embrulhadas, e as pessoas começaram a desejar-me «Feliz Natal». Parece que foi do nada.
É curioso como consigo lembrar-me tão nitidamente do Natal do ano passado, enquanto este Natal parece-me tão enevoado, tão distorcido, tão distante no tempo e na memória.

Como é que em Outubro os dias pareciam tão longos? Porque é que em Outubro as horas custavam tanto a passar, porque é que em Outubro parecia que o Tempo tinha me declarado uma guerra fria de 100 anos?
Como é que dos dias intermináveis de Outubro cheguei a fins de Dezembro, sem ter a noção de que o tempo passara?
O tempo andou, passou, correu pela linha da temporalidade.
Em Outubro, contava os grãos do tempo, como se ele me fosse dar alguma coisa depois de passar.
Depois de Outubro,( não sei se em Novembro, se em Dezembro, ou noutra parte do tempo ), deixei de contar os grãos, deixei de assistir à passagem do sol e da lua, deixei-me simplesmente.
Não consigo explicar como é que isto me aconteceu, nem eu própria o sei.
Para sentir o tempo, preciso de te sentir, a 100%, a 100 volts, a 24 horas.
Para sentir o tempo, preciso de te sentir e à dor, a 100%, a 100 volts, a 24 horas.
Para não sentir o tempo, não te sinto a ti, e a dor assim já é a 70%, os volts já são menos de 100, e as horas,... as horas perdem-se.

Não posso sentir-te, não posso suportar descargas eléctricas como as que suportei quando ainda sentia o tempo a passar.
Não posso acarretar com a dor ou com a angústia que me deixaste ao pender do peito.

Não posso, não posso mesmo, mas também não posso perder o Tempo, não posso perder os dias, nem as estações, nem as horas, tal como perdi durante este Tempo.

Não me dei conta. Parece que acordei e, de repente, vi que o tempo tinha corrido até esta data, até à véspera de Natal, até ao dia de hoje.
Não posso voltar a acordar e aperceber-me de que o tempo passou sem que eu desse conta.
Não posso.
É dia 24 de Dezembro, é véspera de Natal ( mesmo que eu não tenha dado conta ).
Tenho de correr para apanhar o último autocarro do Tempo que passa hoje, véspera de Natal.

8 comentários:

  1. Não sei o que é pior: se viver anestesiada sem sentir que o tempo passa; se sentir cada segundo a deixar-nos marcas das quais não nos conseguimos livrar.
    Não sei mesmo.
    Mas mesmo sem o mínimo espirito natalício, Bom Natal, Rita :)

    ResponderEliminar
  2. Oh Rita, eu gosto mesmo da maneira cm escreves!
    Agora é só mudar a incidencia dos textos, q achas?

    ResponderEliminar
  3. Gosto imenso do teu blogue; é memo como um retrato da vida WD

    ResponderEliminar
  4. parece que acordaste aqui assim e é natal porque so tens caca na tua cabeça durante este tempo todo ne??? -.-
    <3

    ResponderEliminar
  5. parece nada ...!
    admite que tu amas me mas e a mim xD

    ResponderEliminar
  6. ahhhhhhhh nao precisas "de ti" para sentires o tempo passar pah ai ai porrada jah.
    o "de ti" vem ai e é um gostoso :D

    ResponderEliminar
  7. olha pa semana e ano novo ~~ era so pa dizer que assim ja nao acordas e descobres que é surpresa ;)
    ano novo vida NOVA SIMMMMMMMMMMMM ???

    ResponderEliminar
  8. <3 Sim sim, eu seiq ue vem aí o Ano Novo

    ResponderEliminar