Mosquinhas mortas voltam a atacar.
Oito e meia da manhã. Já não basta a crueldade da hora, das poucas horas de sono que trago, o traje vestido que me dá um calor doentio, as janelas da sala fechadas por causa das parolas que têm medo de se constipar por uma aragem, que ainda tenho de voltar a aturar as mosquinhas mortas da fila da frente.
Eu raramente vou a Literatura Inglesa do século XVIII e XIX mas hoje era imperativo ir.
Amanhã, a aula é por minha conta e convinha ir na véspera para fazer um apanhado geral do panorama que vou enfrentar, mas adiante.
Estava eu e mais meia dúzia de desgraçados na sala à espera da professora enquanto as mosquinhas mortas da frente trocam entre si o portátil para mostrarem coisinhas que só para elas terá interesse.
No meio de portátil para aqui, portátil para ali começam a falar em inglês entre elas - como se ninguém entendesse já que estamos numa cadeira de inglês onde o português não entra.
Ridículo: " Oh look at this!", e outra " Yeh, that pic is awesome bla bla bla" até que, uma delas, a mais ridícula delas as três começa, histérica, aos gritinhos, por causa de uma imagem de um gajo qualquer do Tumbrl enquanto grita: "Oh My God!", " I can't believe this, I have no words, he's so hot...." ao que outra diz "OMG, I do not know you" e continuam, aos gritinhos histéricos e a trocar comentários em inglês.
Foi nessa altura que eu compreendi os bully e desejei muito que um aparecesse e esmagasse aquelas mosquinhas mortas e histéricas.