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quinta-feira, maio 26, 2011

O estrangeiro das aulas de inglês:

Alunos de Erasmus são uma realidade comum aos alunos da faculdade, especialmente na minha área, a de línguas. Eles desaparecem tal como aparecem, sem quase darmos por isso.
Em inglês há sempre mais alunos de Erasmus do que em qualquer outra cadeira o que acaba por ser giro porque já tive colegas de toda a parte do mundo.
Este ano apareceu um rapaz que, logo na primeira vez que o vi, deu-me um solavanco no coração; quer dizer, vai uma pessoa a entrar pela aula e vê de repente um rapaz, alto, loiro, cabelo comprido, magro, mal sentado na cadeira...não se faz. As parecenças são óbvias, mas o Alex (ele chama-se Alexander) é decididamente mais bonito, muito mais, para encanto de todas nós. Por curiosidade do futuro, o Alex engraçou comigo. Fala sempre comigo nas aulas, senta-se ao meu lado e faz boa conversa e eu, como boa tagarela respondo sempre, e treino o meu inglês, o que é óptimo.
A Gatisse, que também tem inglês comigo está sempre a fazer-me sinais por causa dele; ou porque ele está a olhar para mim, ou porque ele me chamou e eu não ouvi, e por aí adiante.
Hoje, quando saímos da aula de inglês e fomos almoçar, encontrámos o Alex perdido, a tentar ler em português as comidas. Começámos a ajudá-lo, explicando-lhe o que era mais ou menos cada coisa e acabamos por convidá-lo para comer connosco.
Passou-se mais do que uma hora, o almoço tornou-se numa longa conversa e o que não sabíamos uns dos outros, passámos a conhecer. No final, o Alex perguntou-me se ia há aula de terça-feira de inglês, ao que eu lhe disse que sim, ao que ele mostrou muita satisfação em sabê-lo.
 A Gatisse continua a dizer-me que ele é qualquer coisa, e eu sei que é verdade (mas estes almoços e estas aulas não vão passar a mais do que são, afinal para distâncias já eu tenho a minha cota parte).
...
E que bem que ele fica vestido de preto...vocês não imaginam.

sábado, julho 10, 2010

Sempre que se ouve o Fado

Eu gosto muito do nosso país.
Gosto das gentes que vivem nas terras lusitanas. Gentes da terra, da coragem, da audácia, do acolhimento.
Gosto da nossa comida. Colorida, variada, que enche os pratos e que é servida por mais de um acompanhamento (porque come-se arroz com batatas). Gosto de dizer que sou do país do Fado. Gosto do tempo que cá faz. Gosto que a minha voz fumegue com o frio no Natal e gosto de morrer de calor no pico do Verão. Gosto da nossa língua e de esta ser considerada das mais difíceis de aprender devido ao leque vocabular e há extensa flexão verbal e nominal existentes.
E orgulho-me da nossa história, dos nossos escritores, dos nossos cineastas, dos nossos músicos, e até de algumas das politiquices que se vão fazendo (como a igualdade e liberdade de escolha dos parceiros sexuais).
Filha de portugueses, neta de portugueses, bisneta de portugueses, sobrinha de portugueses, prima de portugueses, vizinha de portugueses, tenho todos os motivos e mais algum para querer acabar os meus dias numa quinta p'ro Douro a olhar pelo mirante para o horizonte como já fiz aos 16, aos 17 e aos 18 anos de idade.
Todos os motivos e mais algum são os que eu tenho mas a verdade é que se o meu Biscoito não existisse, eu já não estaria a ouvir fados nem os pregões das peixeiras.
Estava sim em qualquer parte da Europa a fazer Erasmus, longe do zé povinho e mergulhada noutra cultura e noutras gentes.
Eu gosto muito do meu país e de tudo o que ele tem de bom e de mau, como uma mãe que ama os seus filhos pelos seus defeitos e virtudes, mas se eu pudesse, metia o Biscoito numa cesta, despedia-me com um até já da minha mãe, do meu Zé, e da Salomé, e mudava-me.
Porque há uns tempos para cá, eu já não me sinto por aqui.